Com uma fila de bandeiras arco-íris sinalizando a entrada do salão, o instituto Boa Vista recebeu mais de cem pessoas no Clube Metrópole no último sábado, 14, para debater sobre Família e as suas formatações e possibilidades. Foi a realização da segunda Roda Livre, evento que pretende reunir pessoas para discutir temas de direitos humanos e empoderar os cidadãos. A presença maciça de famílias em sua pluralidade e diversidade e com pessoas de todas as idades, de crianças a idosos, foi registrada.

O debate da segunda Roda Livre foi mediado por Clara Angélica, gestora pública, e conduzido por Chico Lacerda, Theodoro Bibiano, Luciana Albuquerque, Maílton Albuquerque, Ana Lúcia Lodi e seus dois filhos. Cada um deles, membros de famílias diferentes uma da outra, mas semelhantes nas suas bases de sustentação: o afeto, o cuidado mútuo e o respeito. Enquanto as crianças mais novas brincavam e expressavam, em desenhos e pinturas inocentes, suas noções de família, livre de preconceitos, os adultos lotaram um salão para ouvir os depoimentos de vida dos convidados. Dispostos em uma roda de assentos, como propõe o evento, todos puderam se emocionar com as histórias de luta por direitos e superação de barreiras, no caminho da construção familiar. “Eu não sou melhor do que ninguém, mas também não sou pior. Então, quero apenas exercer o meu direito de cidadão de constituir uma família”, frisou Maílton ao falar sobre o casamento com seu marido e sobre o nascimento e registro de sua filha.

A participação do público contribuiu com a construção do debate. Perguntas e colocações pessoais ajudaram a guiar o caminho da conversa. “Se me perguntarem, eu digo que tenho duas mães, sem problemas. Mas, não vou conhecer alguém e dizer: Oi, prazer, eu tenho duas mães. Ninguém faz isso. Pra mim, é uma coisa natural”, respondeu André Lodi, filho mais velho de Ana Lúcia Lodi, ao ser pergutado sobre a relação dele com os colegas de colégio. Já Theodoro Bibiano, que mora em Caruaru, contou que sua enteada foi vítima de bullying na escola por causa de sua composição familiar, mas que ele rapidamente entrou em contato com os pais dos alunos para falar sobre direitos e respeito, sanando a situação.”Se eu tive pais heterossexuais em uma família tradicional e sou um transexual masculino, e isso não tem nada a ver com a criação que eu tive, porque não posso ter uma família também e sustentá-la com as mesmas bases saudáveis de afeto e educação que me deram?”, colocou Theodoro.

O evento durou pouco mais de duas horas e também proporcionou um momento de interação com chá e biscoitos. Uma tarde de encontros, cheia de lições e aprendizados para cada uma das pessoas presentes, a Roda Livre mostrou que cresceu e se consolidou como instrumento na luta por uma sociedade mais justa e livre de preconceitos.

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Somos uma Organização Não Governamental que atua na defesa dos Direitos Humanos e nas questões Socioambientais. Acreditamos que cada cidadão/ã tem um papel fundamental na criação de uma sociedade mais justa e que o respeito a diversidade é essencial para a igualdade de direitos e o bem-estar social.

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